Finalizaremos hoje esse breve trabalho sobre o KARMA e DHARMA, esperando que tenhamos conseguido esclarecer algumas dúvidas sobre esse tema tão comentado mas com tantas nuances.
OS TRÊS PILARES DO DHARMA
Praticar e compreender o DHARMA é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte dos indivíduos está rodando em círculos, levados pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de Samsara, a roda de avidez e de ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami.
Cada momento mental livre de avidez, ódio e ilusão, tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em sua evolução o ser humano acumula muitas dessas forças purificadoras dentro de sua mente. Com o acúmulo dessas forças purificadoras os Paramis tornam-se fortes e resultam em todo o tipo de felicidade, dos prazeres mundanos a mais elevada feicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.
Há dois tipos de Paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria.Essas duas forças desenvolvidas dão ao indivíduo a chance de praticar o DHARMA, bem como a s sabedoria para sua compreensão.
Há três pilares do DHARMA, três campos de ação que cultivam e reforçam os Paramis.
1º pilar = GENEROSIDADE:
Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar.Toda vez que o indivíduo divide algo, ou dá algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. Os resultados CÁRMICOS da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. O cultivo da não-avidez torna-se uma força de liberação. O que mantém o ser humano preso é o desejo e o apego em suas mentes. A medida que o homem praticar o dar, vai aprender a ceder, a abrir mão.
Existem três tipos de doadores: os doadores mendigos, que dão após muita hesitação, e apenas as sobras, o pior que possuem, aquilo que realmente não queriam; os doadores amigáveis, que dão aquilo que eles próprios usariam, dividem o que tem com menos deliberação; e os doadores reais ou nobres, que oferecem o melhor que têm porque dar tornou-se natural em sua conduta.
Há dois tipos de consciência, a induzida onde a mente delibera antes de agir e a não induzida, que é o ato espontâneo, que opera bem no momento. Com o tempo o indivíduo, através da prática, pode desenvolver o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Deve-se cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres.
2º pilar = ABSTENSÃO MORAL:
Este pilar significa seguir os cinco preceitos básicos: não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvem a mente e a tornem embaraçada.
É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É ter reverência por todos os seres vivos. Todos os seres querem viver e ser felizes, todos seres desejam ser livres da dor.
Não roubar significa que o indivíduo deve abster-se de tirar as coisas que não lhe foram dadas. A má conduta sexual significa abster-se de ações sensuais que prejudiquem ou causem dor aos outros.
Abster-se de discurso incorreto significa que o indivíduo além de procurar dizer verdades, deve evitar todo o tipo de fofocas , conversas frívolas ou inúteis. Falar gentil, cultivando a harmonia e unidade entre as pessoas.
Abster-se de tóxicos é basilar para a mente clara do indivíduo, que o levará a seguir os preceitos com clareza e resolução. Seguir esses preceitos morais como regras para viver mantém o indivíduo leve, permitindo que sua mente seja aberta e clara. Sem concentração o insight é impossível, de forma que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.
3º pilar = MEDITAÇÃO:
A atividade purificadora da MEDITAÇÃO pode ser dividida em duas correntes principais; a primeira é o desenvolvimento da concentração, e outra, a compreensão, que é o segundo tipo, tem a ver co o cultivo do insight, da percepção.
O sábio corrige sua mente inquieta, ardilosa, não confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha! (Buda, Dhammapada -verso 33).
Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de dar ao indivíduo qualquer tipo duradouro de felicidade. As pessoas com forte apego ao corpo, ao iniciar o processo de decadência física, doenças, e proximidade da morte, experimentarão grandes sofrimentos. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge; todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.
Então, podemos concluir que a sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. Finalmente, a aceitação da impermanência é o início da liberdade!
Terminamos, com essas considerações, o apanhado sobre KARMA e DHARMA, onde posso colocar minha vivência pessoal como testemunho de que essas regras apresentadas, podem ser praticadas como um exercício contínuo de desprendimento, de desapego ao impermanente e uma certeza de que essa cadeia reencarnatória nos permite a cada vivência, alcançar a conexão com o DIVINO, através do nosso aprendizado.