Hoje amigos da TRILOGIA INCA vou falar de amenidades, porque tenho postado sobre temas mais densos e de muita especulação. No Brasil temos LENDAS FOLCLÓRICAS que podem ser assim consideradas pela maioria das pessoas, mas que para alguns representam muito da magia e do inexplicável.
Por ser gaúcha, uma em especial sempre chamou minha atenção e energeticamente me sinto conectada com essa triste história que passo a lhes relatar e que representa uma devoção do povo sulista.
NEGRINHO DO PASTOREIO
Nos tempos da escravidão no Brasil, havia no Sul do País um fazendeiro muito mau, que tinha em sua fazenda muitos escravos negros de várias idades, inclusive crianças. Dentre estas crianças havia um pequenito que lidava com os cavalos da fazenda, fazendo o pastoreio, qual seja levando os animais para as pastagens e depois trazendo-os de volta aos piquetes para abrigar da noite.
Um certo entardece, quando o menino voltava com os cavalos, o Fazendeiro deu por falta de um dos animais, o seu preferido, um cavalo baio. Furioso castigou o menino a chibatadas, mandando que ele voltasse e procurasse seu cavalo até encontrar. Apavorado o NEGRINHO saiu a procura do cavalo baio, com uma vela acesa para enxergar na noite escura, mas quando o encontrou já não conseguia prendê-lo devido aos maus tratos que sofrera.
Voltando à fazenda, sem o animal, o Fazendeiro mais desnorteado e furioso, o amarrou e chicoteou diversas vezes, colocando o seu corpinho quase morto sobre um formigueiro.
No dia seguinte o Fazendeiro, indo verificar o que restara do menino, ficou estarrecido ao vê-lo de pé, sem nenhuma marca de chicote, sem nenhuma mordida de formigas, com uma vela na mão, e a seu lado a VIRGEM MARIA, o envolvendo com seu manto luminoso. E, mais ao lado, o seu cavalo baio.
Apavorado o Fazendeiro se ajoelhou e pediu perdão ao menino que nada respondeu, beijando as mãos de NOSSA SENHORA, montou no cavalo baio e partiu a galope.
Então, a partir desse fato, tornou-se um hábito obrigatório para para os gaúchos das inúmeras querências ou fazendas do Sul do País, quando perdiam alguma coisa, de muito valor financeiro ou sentimental, acender uma vela e rezar para NOSSA SENHORA e o NEGRINHO DO PASTOREIO para eles ajudassem a encontrar o que foi perdido.
Existe uma canção muito linda que exorta a lenda do NEGRINHO DO PASTOREIO, que diz assim.
NEGRINHO DO PASTOREIO, acendo esta vela p’rá ti, E peço que me devolvas a querência que eu perdi. NEGRINHO DO PASTOREIO, traze a mim o meu rincão, A velinha está apagando, nela está o meu coração!
Quero ver meu lindo pago, coloreado de pitangas, Quero ver a gauchinha, brincando na água da sanga. E trotear pelas coxilhas, respirando a liberdade, Que eu perdi naquele dia que me embretei na cidade!
Essa canção eu cresci ouvindo, quer nas festas de galpão onde alguma “cordeona” tocada pelos peões da estância chorava seus acordes, quer nos bailes nos Centros de Tradições Gaúchas, onde conjuntos conhecidos como “Os Serranos”, e outros tantos, a entoavam com respeito e carinho por esta figura tão nossa conhecida: O NEGRINHO DO PASTOREIO.