Bom início de semana amigos da TRILOGIA INCA, hoje vou contar para vocês a história de uma das mais importantes e mais amadas Pretas Velhas da Umbanda, a VOVÓ MARIA CONGA.
VOVÓ MARIA CONGA
Conta a história que MARIA CONGA era uma escrava de uma Fazenda de Café na Região Sudeste do Brasil, filha de Rei Congo, líder dos negros de seu Quilombo, e de sua companheira, que também tinha o nome de Maria. Seu pai era respeitado por todos os que um dia foram escravos e integravam o Quilombo.
Desde pequena MARIA CONGA demonstrava a garra e a coragem de seu pai, sendo um lutadora e salvadora de seus irmãos negros que foram escravizados. Ao mesmo era doce e gentil como sua mãe, sendo muito respeitada pelos negros.Tinha uma sabedoria e força espiritual elevada, ajudando seu pai na difícil jornada de levar a caridade aos negros sofredores.
Era uma grande “Benzedeira”, e também doutrinadora dos espíritos sem luz que perturbavam a mente e o corpo dos negros e brancos de sua época. Com os ensinamentos de seu pai Octacílio – Rei Congo, e de sua mãe Maria, MARIA CONGA ficou muito conhecida pelas curas físicas, mentais e espirituais que efetuou em inúmeras pessoas, tanto brancas como negras.
Com a passagem de sua mãe, MARIA CONGA ficou muito abalada, receosa de que seu pai não mais trabalharia com tanto afinco em prol da caridade para com os necessitados, o que não ocorreu e, algum tempo depois, com a ajuda do Rei Congo, seu pai, ela elevou mais ainda sua fé.
MARIA CONGA se colocou a serviço de ZAMBI (DEUS), de OXALÁ, de todos os ORIXÁS e Entidades de Luz, que invocava com devoção no momento em que fazia suas “Benzeduras”, suas curas, apesar de sua pouca idade.
Quando seu pai, o Rei Congo, decidiu lutar pela libertação dos escravos, fugindo para tentar chegar ao Monte dos Perdidos, MARIA CONGA ficou completamente só, na esperança de que ele a viesse buscar. Pelas noites ela chorava e pedia a proteção de ZAMBI, e que lhe fosse mostrado um caminho.
Numa noite, após chorar e invocar proteção, viu uma claridade vinda do céu e um vulto de mulher que lhe falou com a voz de sua mãe, pedindo que tivesse forças nos dias de dor e de lágrimas que ainda teria de enfrentar, e que tivesse muita fé em ZAMBI, e que com isso a esperança voltaria com seu amado pai para lhe resgatar.
Com o passar do tempo a fama de MARIA CONGA foi se espalhando, entre os Quilombos e as Fazendas vizinhas, onde os Senhores de Engenho e os Feitores tinham receio de que o seu pai, o Rei Congo, viesse lhe regatar, o que ele tentou algumas vezes, sem sucesso.
Então o Coronel da Fazenda onde morava a moça, resolveu aprisionar MARIA CONGA e forçar o Rei Congo a se entregar. Amarrou e açoitou a moça no tronco, determinando que lá ela permaneceria até seu pai trocar de lugar com a filha.
O Rei Congo, estando prestes a se entregar em troca da filha MARIA CONGA, pediu ajuda a ZAMBI para tomar a decisão acertada, e teve a visão de sua responsabilidade para com todos os negros que habitavam o Quilombo, então, entendendo que tinha que buscar sua filha, mas sem por em risco a vida dos outros.
Neste mesmo tempo, MARIA CONGA que sofria as dores atrozes de sua tortura ao tronco, tem uma visão de paz e uma luz protetora lhe envolve, tirando as mágoas e as penas do seu martírio. Fica em paz, com uma expressão serena no olhar, que voltou a ter esperanças.
Esse seu olhar desarmou a mão do Feitor, que não mais queria obedecer as ordens do Coronel da Fazenda, porém temia pela sua própria segurança caso não castigasse MARIA CONGA. Mas toda vez que a açoitava, sua mão travava, e apenas batia levemente na moça.
Eis que nesse instante a companheira do Feitor vem correndo lhe avisar da filha de ambos, que ardia em febre, tendo convulsões. O Feitor corre e pega a menina já desfalecida e a leva até a Senzala onde ficavam os negros mais velhos e sábios. Uma velha negra lhe diz que a única esperança de salvar sua filha da morte era MARIA CONGA, que jazia acorrentada ao tronco, vítima das chibatadas que ele lhe dera a mando do Fazendeiro.
O Feitor solta MARIA CONGA lhe pedindo perdão, ao que ela lhe pede para levá-la até a menina, e, no caminho colhe ervas e flores, e também água limpa de um córrego. Fez uma cataplasma com os ingredientes e fez suas orações e Benzeduras”. Colocou no corpo da criança, que como por milagre ficou restabelecida, abrindo os olhos e sorrindo para o pai. Com a cura da filha, o Feitor ficou eternamente grato à MARIA CONGA.
O Rei Congo, aproveita essa oportunidade e resgata a filha MARIA CONGA com a ajuda do Feitor, que lhes deixa livre o caminho de fuga para a liberdade. Junto ao pai a moça conta o que lhe acontecera, pedindo ao pai que dese abrigo ao Feitor e sua família, já que o mesmo não poderia retornar à Fazenda depois do ocorrido.
O Rei Congo agradecido leva todos para o Quilombo do Congo, onde permaneceram por muitos anos. MARIA CONGA tornou-se muito conhecida pelas suas caridades e curas, tornando-se a grande “Benzedeira do Quilombo”. Neste mesmo local veio a desencarnar em uma noite estrelada.
Por toda a sua obra maravilhosa MARIA CONGA tornou-se uma Entidade de Luz, podendo trabalhar nos Terreiros de Umbanda, incorporando em Médiuns preparados para dar consultas a pessoas necessitadas de sua ajuda. Ela trabalha com e para a Caridade, auxiliando nas curas dos males físicos e psicológicos, liberando as obsessões, fazendo limpezas espirituais e ambientais.
Por sua força e bondade, MARIA CONGA pode virar a linha para a Quimbanda, caso a pessoa a ser atendida assim o necessite, ou o local esteja muito carregado de entidades negativas. SARAVÁ VOVÓ MARIA CONGA!
Como sempre, eu dou o meu testemunho nas publicações, e não poderia deixar de colocar o meu carinho, a minha alegria e devoção à VOVÓ MARIA CONGA, com quem tive a honra e a felicidade de trabalhar em Casas de Umbanda. Ela sempre chegava dançando e rodando, me fazendo ficar bem curvada. Eu não conseguiria fazer sozinha os movimentos que fazia quando incorporada com VOVÓ MARIA CONGA, e cantando músicas maravilhosas. Muito obrigada por ter me deixado ser sua mediadora em tantas ocasiões especiais! “Arriô na linha de Congo, é de Congo é de Congo, aruê…”