Boa tarde amigos da TRILOGIA INCA, vamos hoje navegar por um mar que pode ser manso ou revolto, que pode ser prazeiroso como desgastante, o mar dos sentimentos onde nascem o AMOR e o ÓDIO.
AMOR E ÓDIO
Existem muitas especulações e ditados populares para definir os sentimentos de AMOR & ÓDIO, sentimentos esses muito próximos mas que não são opostos, que não são a antítese um do outro. Pode ocorrer que o ser humano trilhe o caminho do AMOR para o ÓDIO, mas tabém pode haver a caminhada do ÓDIO para o AMOR.
O indivíduo nasce e cresce acumulando contextos e emoções, trazendo para o seu hoje os vazios resultantes das relações afetivas de cunho parenteral, ou seja, com pai, mãe ou substitutos. O não entendimento desses buracos emocionais, gera uma dependência no ser humano, que tenta compensar esses abandonos afetivos, buscando inconscientemente, no eventual parceiro, um “curativo” para essas eternas “feridas não tratadas”.
O sentimento de AMOR que nasce de um relacionamento nas condições acima descritas, não é gerado em situação promissora, pois um dos envolvidos traz consigo afetos não resolvidos e, ao menor deslize ou indiferença do parceiro, revive toda uma situação de carência e abando antigos, tornando-se um ferrenho cobrador de afeto, sem que seu companheiro ou companheira sequer entenda o motivo.
Neste ponto da relação que seria de AMOR, para brotar o desespero, o desentendimento e as frases duras que podem descambar para o ÓDIO, existe uma estreita ruela, que divide as emoções humanas.
Portanto, não pode ser dito que o AMOR é o contrário do ÓDIO, eis que ninguém ODEIA algo que não lhe seja importante, sendo que a indiferença é que é a ausência de AMOR. O AMOR e o ÓDIO são duas faces da mesma moeda!
Estes dois sentimentos sempre despertaram o interesse da ciência através dos tempos, de seus membros e dos historiadores, que acumularam livros sobre os grandes acontecimentos da história da humanidade, envolvendo AMOR e ÓDIO.
O ÓDIO acompanha o ser humano desde os seus primórdios, pois a capacidade de ODIAR alimenta-se dos medos mais atávicos e adota as mais variadas formas, estando presente nas relações pessoais, nos maus-tratos infringidos às mulheres e crianças, nos genocídios e nas instigações ao terrorismo.
Alguns famosos cientistas como Charles Darwin e Sigmund Freud definiram o ÓDIO em suas especulações científicas e psicológicas. Para Freud, o ÓDIO seria um estado do Ego que busca a realização através da destruição do ser ODIADO. Para ele, o ser humano está marcado pelo institnto de morte (Tanatos), sendo o ÓDIO um dos seus impulsos agressivos; e pelo instinto de vida (Eros), que ativa as pulsações sexuais e o instinto de sobrevivência.
Para Darwin, as raízes da espécie humana residem na vingança, derivada do ÓDIO, e na defesa dos próprios interesses.
Erwin Staub, Psicólogo da Universidade do Massachusetts, define que o ÓDIO pode ser potencializado por determinados fatores circunstanciais, que acabam por desencadear os genocídios, as chacinas e o terrorismo. Entende o Psicólogo, que a decisão de pertencer a um grupo faz ver as pessoas alheias como diferentes, antagônicas e potencialmente perigosas.
Robert J. Sternberg, Professor de Psicologia e Decano da Faculdade de Artes e Ciências da Tufts University, Medford-Massachusetts, em seu livro The Nature Of Hate, apresenta uma das teorias mais completas e atuais sobre o ÓDIO, que segundo seu entendimento, possui 3 componentes básicos: a negação de intimidade, a paixão e o compromisso.
Não é preciso deter-se e citar o que esses componentes do ÓDIO formataram através dos séculos, mas em virtude do grande acúmulo de atrocidades que a humanidade assistiu ao longo do Século XX, pode-se deduzir, sem medo de errar, que este sentimento está cada vez mais estigmatizado. Há que ser posta de lado esta nefasta e poderosa emoção, mas será que existe cura ou vacina contra o ÓDIO? Não há remédio a não ser no perdão! Essa é a opinião dos especialistas.
O Professor Semir Zek, Diretor de uma Equipe do Laboratório Wellcome de Neurobiologia da Universidade de Londres, descobriu que o mecanismo cerebral onde o sentimento do ÓDIO se encontra está na mesma região onde surge a chama do AMOR. Para a equipe de Neurobiólogos, ambos os sentimentos de AMOR e ÓDIO, produzem atividade em duas estruturas do subcórtex cerebral, o putâmen e a ínsula, que são igualmente ativadas nas duas situações.
Mas o estudo detectou também, uma diferença significativa: ao passo que no AMOR “se apagam” as zonas cerebrais associadas ao raciocínio e ao juízo, no ÓDIO isso não acontece. Enquanto o indivíduo APAIXONADO é apenas crítico em relação ao ser AMADO, a pessoa que ODEIA mostra-se calculista e tem o raciocínio pleno para vingar-se de todas as formas, de quem DETESTA.
Depois dessa visão técnico-científica da relação AMOR & ÓDIO, também é importante encarar a visão Espiritualista dos relacionamentos e dos motivos que levam as pessoas envolvidas a nutrir sentimentos tão fortes e tão divergentes.
Segundo a Teoria da Reencarnação, tema que já abordamos em outro Post aqui na TRILOGIA INCA, o Espírito Imortal experimenta em sucessivas reencarnações, as mais variadas nuances de AMOR e ÓDIO, muitas vezes envolvendo os mesmos seres.
A cada reencarnação o indivíduo tem a oportunidade de se reajustar com antigos desafetos, tem a chance de transformar ÓDIOS seculares em AMOR. Pois só o AMOR não acaba nunca!
Na literatura Espírita se verifica exemplos variados de Espíritos que se degladiam através dos séculos, alternando as posições de vítima e carrasco, até que muitas vezes, reunidos sob o mesmo teto, tendo que se ajustar pelas circunstâncias impostas, aprendem a se AMAR, esquecendo o ÓDIO, e acabam por valorizar os aspectos positivos um do outro.
É interessante observar que os sentimentos mais pesados, mais fortes que os seres humanos experimentam são dirigidos a pessoas que lhe são muito próximas, e que talvez gostariam de AMAR. São relacionamentos imersos no ÓDIO há muito tempo, onde o AMOR pode estar sufocado no meio do rancor, da mágoa, da sede de vingança!
Mas a esperança do ser encarnado nunca morre, pois mesmo assim o AMOR existe, permanece latente, aguardando o momento mais adequado para desabrochar, vencendo as barreiras e aplacando as mágoas do passado.
Pode parecer irônico e até mesmo um paradoxo, mas talvez o ÓDIO seja necessário para o conhecimento pleno e real valorização do AMOR, pois desde que surge um elo entre dois indivíduos, este vínculo jamais será quebrado, eis que a indiferença não gera vínculos.
Essa relação entre dois seres pode se desenvolver e evoluir sempre no terreno fértil do AMOR, ou pode degenerar em ÓDIO, que ironicamente, imperceptivelmente, tem a função de manter este vínculo entre as pessoas. E, em gradativo processo de tempo indeterminado, envolvendo talvez muitas reencarnações, o ÓDIO vai sendo depurado, filtrado, desgastado, até se transformar em AMOR, a força motriz do Mundo!
Bem amigos da TRILOGIA INCA, eu sempre que posso trago o meu testemunho aos temas postados, e nesse momento posso aduzir que com meu próprio filho, muito amado e com quem tenho um relacionamento de parceria e cumplicidade, vivenciei ao longo de algumas encarnações, o ÓDIO que nutríamos um pelo outro, a ponto de ser sua vítima em tempos longínquos no deserto Árabe, pela posse de uma grande manada de cavalos. Hoje como mãe e filho conseguimos alcançar e resgatar a plenitude do AMOR!
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