Boa tarde amigos da TRILOGIA INCA! Hoje falaremos sobre um tema apaixonante e de uma magnitude indizível: a MADONA NEGRA!

Quem é a MADONA NEGRA? Qual a sua primeira face?
É a MÃE TERRA, o PRINCÍPIO FEMININO, nossa MÃE PRIMORDIAL, símbolo de SABEDORIA e INTEGRAÇÃO DOS OPOSTOS. Como perpetuação das poderosas DEUSAS da antiguidade, ELA volta com as características sagradas de MARIA.

Metaforicamente VIRGEM, mas não no sentido do patriarcado, porque não pertence à nenhum homem e sim à todos os homens. Doadora de vida, DELA provêm os homens como frutos da TERRA e à ELA todos retornam, à DEUSA MÃE – MÃE TERRA!
FACES DA MADONA NEGRA
Na Suméria, aparece como a muito popular INANNA, de dupla personalidade: de manha uma valorosa “Senhora das Batalhas”, DEUSA dos Heróis, à noite torna-se a DEUSA da Fertilidade, dos prazeres e do amor. As “prostitutas Sagradas” são SUAS Sacerdotisas, e era obrigação que as mulheres da Suméria se oferecessem sexualmente aos estrangeiros ao menos uma vez por ano. Os opostos se encontram, se harmonizam e o grande poder da MADONA NEGRA aqui se revelam: o Sagrado e o Profano!
Na Babilônia ELA é ISTHAR, para os Hebreus é ASTARTE. Na Frígia ELA é CIBELE (a DIANA dos 9 fogos). No Egito ELA é ISIS, aparecendo na face de NERTH a mais velha e sábia das DEUSAS. ELA é o céu noturno que se arqueia sobre a Terra, formando com suas mãos e pés as portas da Vida e da Morte.

Na Grécia vamos encontrar um dos mais ricos acervos sobre a MÃE TERRA: na cultura Cretense, Mar Egeu, temos as Sacerdotisas vestidas com peles e com os seios descobertos, rodeadas com serpentes e conchas do mar. Temos então a MÃE TERRA, a MÃE ANIMAL, que como cabra, porca ou vaca, alimenta o pequeno ZEUS. E no centro deste poderoso culto à fertilidade, encontramos o touro, o duplo machado, o Minotauro e o Labirinto.
A DEUSA de Creta, DEMÉTER, é a Senhora do Mundo Inferior, das profundezas da Terra e da Morte. SEU ventre terreno é o ventre também da fertilidade de onde a vida emana. Temos então que harmonizar estes Opostos é a principal Força da MADONA NEGRA, ELA que é o NEGRO da LUZ!

Como doadora de vida, ELA é o ÚTERO ETERNO, que na tradição Yorubá, é a representação da totalidade. No Candomblé, ELA representada pela Orixá OXUM, que personifica este poder da MADONA NEGRA: OXUM, senhora de todas as águas doces, que é o sangue da Terra!
Como a MÃE TERRA, a MADONA NEGRA era cultuada no mundo pagão com as faces das Deusas do Olimpo, mas com o advento da Era Cristã, este culto passou a ser clandestino e proibitivo. O que chegou até nós são os mistérios de Eleuses, onde eram cultuadas DEMÉTER e PERSÉFONE. As três grandes DEUSAS do leste: ÍSIS, CIBELE e DIANA de Éfesos, que eram representadas como negras, se estabeleceram no Ocidente antes da dominação romana.
O culto à MADONA NEGRA foi difundido por todo o Império Romano, sendo associado posteriormente, às imagens marianas do Cristianismo. Nos primórdios da Religião Cristã, o princípio feminino era representado por Virgens Negras e Brancas e por uma infinidade de Santas, todas brancas, com exceção de SARA, a Egípcia, padroeira dos Ciganos. Com a expansão e fortalecimento da Religião Cristã, as estátuas de mármore e bronze das deusas pré-cristãs foram destruídas e seu culto perseguido e proibido!

Apesar das proibições do Cristianismo, em lugares remotos dos países cristianizados, devotos dos antigos cultos preservaram as pequenas estátuas, escondendo-as nas grutas e fendas da terra, em criptas dos templos antigos, perto de fontes e rios, e também no oco das árvores. Algumas foram encontradas no Sul da França, próximas a centros religiosos dos Cátaros e Templários, e onde foi preservado o Culto da MÃE DIVINA e de MARIA MADALENA.
As fogueiras da Inquisição foram seguidas pela frieza da Era da Razão e do Materialismo Científico, que antagonizava tudo o que se relacionava ao Princípio Feminino. Mas ao advento dos séculos XIX e XX, as aparições de MARIA reanimaram o culto da VIRGEM NEGRA, e a necessidade de conciliar Religião e Sexualidade trouxe novamente os valores telúricos e femininos à consciência coletiva.

Em vários locais as VIRGENS NEGRAS “apareceram” posteriormente e de maneira milagrosa, encontradas por pessoas humildes, animais ou crianças. Muitas delas foram perdidas ou destruídas por fanáticos e guerras, enquanto SUA verdadeira origem e significado estavam se perdendo com o tempo. Mas SUA lembrança influenciou gerações posteriores de escultores e artistas religiosos, que reproduziram SUAS imagens. Surgem assim representações mais atuais da MADONA NEGRA, com trajes Cristãos, mas preservando a cor negra.

O PODER DE MADONA NEGRA
As VIRGENS NEGRAS são símbolos do Matriarcado. A cor negra de MADONA se deve aos cultos muito antigos, até mesmo pré-históricos, relacionados com a fertilidade e fecundidade da terra, ao escuro da noite, ao útero, à MÃE TERRA, à DEUSA MÃE.
Uma das mais antigas estatuetas encontradas representa MADONA com seu FILHO DIVINO, ambos com cabeça de cobra. SUA ligação com os animais era evidente. Em baixos-relevos relevos cravados na rocha ou em pequenas estátuas, ELA aparece cercada de leões, pássaros, serpentes, leopardos, touros e peixes.
O OVO CÓSMICO, os círculos concêntricos, as imagens de mulheres avantajadas, com protuberantes seios, nádegas e barriga, traziam este poder! Nádegas para parir, barriga para gerar e seios para nutrir: é a MÃE CREATRIX, outra de SUAS mil faces!
As antigas imagens das VIRGENS NEGRAS são registros valiosos de uma época em que a Terra era reverenciada como MÃE e todas as criaturas eram SEUS filhos.
Pode ser registrado a partir do século VII e VIII a chegada na Europa de estátuas originais das Deusas Antigas trazidas do Oriente Médio pelos Cruzados. Na Idade Média os altares dedicados à VIRGEM NEGRA eram os mais procurados e venerados. A força da veneração milenar de uma MÃE DIVINA superou todos os obstáculos e jamais se submeteu a nenhuma organização ou lei.

A chegada do século X trouxe uma divulgação e intensidade ao culto das MÃES NEGRAS, ultrapassando ao culto ao PAI e ao FILHO. Reis, guerreiros, camponeses, mulheres, doentes e peregrinos se ajoelhavam diante das imagens milagrosas das VIRGENS NEGRAS, nas variadas Igrejas, Grutas a ELAS dedicadas nos países da Europa. As aparições e curas de enfermos mulheres e crianças se sucediam, e a VIRGEM NEGRA começou a torar-se símbolo religioso.
Algumas das VIRGENS NEGRAS se tornaram Padroeiras Nacionais, como é o caso da VIRGEM DE GUADALUPE, a MADONA NEGRA DE CZESTOCHOVA (Polônia). Na França, em Saintes Marie de La Mer, ocorrem procissões, Missas e oferendas no mar reverenciando a NEGRA SARA KALI.

No Brasil, a MADONA NEGRA, NOSSA SENHORA APARECIDA, foi descoberta em 1717, no Rio Paraíba, em São Paulo, tornando-se a Padroeira do Brasil. É uma pequena imagem que se apoia numa Lua Crescente. Neste local hoje exite uma Cidade-Santuário chamada Aparecida, que recebe peregrinos de todo o Brasil e exterior.

Independentemente de diversidade de aparências, origens e antiguidade, as VIRGENS NEGRAS evocam as memórias ancestrais da GRANDE MÃE, da MÃE TERRA! ELA é anterior às religiões e civilizações! As MADONAS NEGRAS têm um grande poder de cura e transformação, pois possuem o antigo AXÉ das DEUSAS TELÚRICAS, as SENHORAS DA VIDA, MORTE e REGENERAÇÃO!
A MADONA NEGRA é considerada a grande consoladora dos aflitos e excluídos, aparecendo misteriosamente onde há sofrimento e opressão. Milagrosa, poderosa, misericordiosa, ELA traz conforto e alento para todos que a invocam! SEU coração é imensurável como o Cosmo!
As aparições da MADONA NEGRA em sonhos, visões e terapia das mulheres atuais, representa uma grande mensagem do FEMININO SAGRADO e TRANSCENDENTE. Representa, também um convite para que as mulheres transponham suas barreiras e um aviso urgente para que reconheçam o poder sagrado da Terra e da Mulher, do respeito para com as diversas formas de vida e da necessidade imperativa de uma harmoniosa e abrangente parceria.
A MADONA NEGRA chega até os indivíduos nas Viagens Xamânicas ao som do tambor.
Bem amigos da TRILOGIA INCA, como é de praxe em todas as postagens eu coloco uma vivência minha para dar mais ênfase ao assunto. Na caminhada Xamânica que eu faço como parte de um aprendizado maior, encontrei a MADONA NEGRA em uma linda vivência! Posso afirmar que foi indescritível a energia e a beleza do momento!
A sobrevivência como Filhos da Terra depende da capacidade de resgatar, honrar e cuidar da SUA LUZ!
