Boa tarde amigos da TRILOGIA INCA. Hoje falaremos sobre um tema apaixonante na caminhada para o entendimento e compreensão dos Grandes Mistérios sob um prisma diferente: O CALDEIRÃO.
O CALDEIRÃO, antigo símbolo do ventre cósmico, fonte da vida e da sabedoria, é largamente encontrado na História e na Mitologia, sendo a representação do local da continuidade através dos tempos mais variadas. Podemos dizer que O CALDEIRÃO é o receptáculo espumoso e fervente ao qual a vida retorna, onde ela é remisturada e regenerada em ciclos perpétuo, segundo as citações do Livro MEDITAÇÕES DOS ANIMAIS DE PODER de Nicki Scully.
O CALDEIRÃO é uma metáfora para o atanor alquímico onde ocorrem a transformação e a cura. O ser humano traz este vaso na sua região abdominal, ou ventre, sendo através deste simbolismo que ele consegue transformar sua perspectiva, de modo a incluir uma consciência do Reino Espiritual.
Graças ao CALDEIRÃO, o homem pode se unir aos Animais Totêmicos, seus aliados, para enxergar o mundo através dos olhos deles.
O CALDEIRÃO que aqui será trabalhado é de ouro, basicamente pelas propriedades deste nobre metal, cujo brilho está associado ao sol, cultuado pelos povos ancestrais como a força viva da criação, sendo também um símbolo do servir.
Os principais mitos sobre O CALDEIRÃO que ainda sobrevivem, estão relacionados com paganismo, a antiga religião do culto à Deusa, cujo ventre fornecia a fonte da abundância e da cura. Então temos a imagem da VELHA GUARDIÃ DO CALDEIRÃO que foi reverenciada na Antiguidade como vidente e mística, uma mulher sábia que curava, conhecia o uso das ervas, vivendo em harmonia com a natureza.
Com o advento da Idade Média, a cultura ocidental patriarcal, edificada no grande pilar Igreja/Estado, a imagem sábia da Velha foi transformada pelos que usurparam sua sabedoria e poder, na Bruxa Feia e Malvada, que traz imagens de uma bruxa velha e corcunda, vestida de preto, com uma verruga no queixo ou nariz, sempre mexendo infusões, com um gato preto arrepiado num canto da sala tosca.
Essas imagens enfraqueceram a posição do CALDEIRÃO, ocultando sua verdadeira fonte e a magia da sua natureza. Para exemplificar sua magnitude, pode ser considerada a busca do SANTO GRAAL como a busca do CALDEIRÃO PERDIDO, da graça e da abundância que desapareceram quando o círculo foi rompido e suas sacerdotisas queimadas na fogueira durante a Inquisição.
EXPRESSÕES SIMBÓLICAS DO CALDEIRÃO
As diversas expressões simbólicas do CALDEIRÃO foram eternizadas em variados textos de distintos países.
Na CHINA o CALDEIRÃO é conhecido como Ting. No I Ching ou Livro das Mutações, o hexagrama 50 é “Thing/O Caldeirão”, que sugere a ideia de nutrir, de preparar a comida.
No Manuscrito inédito de David W. Patten, Os Segredos do Alfabeto – Antiga Sabedoria Céltica, o CALDEIRÃO de Cerridwin, a Mãe de toda a criação, continha simbolicamente uma erva para cada dia do ano e quem bebesse o seu conteúdo possuiria todo o conhecimento!
Nas Mitologias Egípcia, Hindu e Nórdica, os CALDEIRÕES femininos simbolizavam o poder o da criação cósmica. No Egito, o Deus Osiris é associado a um cálice celestial que jamais se esvazia, e a Deusa Néftis, irmã de Ísis, carrega um vaso sobre a cabeça. O Deus Odim, nórdico, disfarçado de serpente, bebia o Sangue da Sabedoria, nos CALDEIRÕES do ventre da Grande Mãe, para obter poder. Kali, a Deusa Indu, também é associada ao CALDEIRÃO e o Deus Indra robou-lhe o poder bebendo o elixir do seu CALDEIRÃO.
Para as Tribos Indígenas das Planícies da América do Norte, o mais sagrado dos objetos é o Cachimbo Sagrado, cuja haste representa o poder masculino, criativo e gerador que transmite a prece, enquanto o fornilho simboliza o vaso feminino e receptivo que é a Terra. É dentro deste vaso ou CALDEIRÃO, que ocorre a alquimia da cerimônia do cachimbo, a transmutação das ervas ou do tabaco na fumaça que transporta as preces nas quatro direções. Quando a haste e o fornilho estão ligados, todas as coisas do Universo estão ligadas e funcionando em EQUILÍBRIO!
Muitas culturas XAMÂNICAS, especialmente as da Ásia central e da Sibéria, definem o CALDEIRÃO como o vaso em que o corpo desmembrado do iniciado é fervido e depois recomposto. XAMÃS são aqueles que venceram a morte através da doença, dos sonhos ou das visões, atingindo um conhecimento experimental de sua própria imortalidade. Historicamente, a função do XAMÃ é interceder junto ao Mundo Espiritual para efetuar mudanças no Mundo Físico. A caminhada de formação do XAMÃ é árdua e longa, pois ele deve sempre estar a serviço da comunidade, buscando o bem maior.
Bem amigos daTRILOGIA INCA, este trecho retirado do maravilhoso livro de Nicki Scully, MEDITAÇÕES DOS ANIMAIS DE PODER, foi escolhido por mim para relatar um fato vivenciado, como sempre ocorre nas minhas publicações: minha caminhada no XAMANISMO, com a consequente abertura espiritual que hoje está norteando todo o meu trabalho aqui em SÃO PAULO capital, como MESTRA DE REIKI III.