Hoje vou falar de um assunto que me encanta e motiva, e que foi a inspiração da TRILOGIA INCA: o Peru, com seus encantos e mistérios, seus Xamãs e OFERENDAS, e seu povo que cultiva as tradições com devoção e sabedoria. Vou dividí-lo em duas partes para melhor alcançar a vocês esses rituais.
As OFERENDAS peruanas são de um simbolismo vivo, ao mesmo tempo ancestral e atual, que remetem o indivíduo ao longínquo tempo dos Incas e o trazem de volta ao aqui e agora traduzido no som produzido por instrumentos mágicos nas mãos de um Curandeiro Xamã.
MESA ANDINA
É um pequeno pano tecido em cores vibrantes, pode ser de lã de Alpaca ou Lhama, onde o Paco – Sacerdote Andino distribui seus objetos de poder, ou sua OFERENDA, (pedras de cura, penas, folhas de coca, conchas, punhais, pedras de locais sagrados, e também crucifixos quando usa o sincretismo cristão), isto conforme as tradições Q’ueros, Zona de Cuzco.
Esses objetos são de suma importância no altar pessoal, são os componentes de um centro de poder onde o Paco trabalha plasmando a energia mágica e mística. Estes objetos que compõem o ritual servem para envolver o filtro consciente do indivíduo, neutralizando-o, para que se abra o coração e o espírito, já libertos do racional. Então, nessa elevação energética, o místico e o mágico se fundem na busca do ser humano em equilíbrio.
A MESA ANDINA pode ser dividida em três partes para sua melhor compreensão: o lado mágico, o lado místico e o centro.
– Lado Mágico – é o da prática da magia, dos feitiços, é o lado esquerdo, o lado feminino e está ligado ao mundo subterrâneo, que é denominado Ukupacha, cujo animal de poder é a Amaru – Serpente.
– Lado Místico – é o lado direito, o lado da devoção, da conexão com os deuses, onde se desenvolve o trabalho interior para o crescimento espiritual, e o animal de poder é o Kuntur – Condor e também o Q’enti – Colibri. Eles são os mensageiros da deidade peruana e unem os homens ao Hanan Pacha, o mundo celeste.
– Centro – é o mundo terreno, o mundo onde o lado mágico e o lado místico se fundem em perfeito equilíbrio, é denominada Kaypacha. O animal de poder é o Puma, que transmite ao homem a astúcia para que ele atue no mundo das energias em movimento. Ainda se reverencia também a Lhama, a Alpaca e o Golfinho.
PAGOS:
É na MESA ANDINA que são montados os “PAGOS”, que são oferendas compostas na maioria das vezes por caramelos, incenso, tabaco, flores, cerveja e vinho. O conteúdo do PAGO é fechado em papéis coloridos que variam conforme a energia que vai ser trabalhada, sendo dedicado à Pachamama ou aos Apus, que significa “senhores” em Quechua, e são os Espíritos das grandes montanhas. Estas Entidades são muito respeitadas e invocadas nos grandes rituais.
Estes trabalhos são realizados nas montanhas, e entre as principais estão Salcantay, Ausangate, Putukusi, Machu Picchu, Huayna Picchu. As oferendas dedicadas aos deuses peruanos são passadas nas brasas de uma fogueira ou então enterradas.
O ponto alto das oferendas pode-se dizer é o ato de oferecer, pois ali está plasmada a reciprocidade, o ayni, que é a síntese da cosmovisão andina do dar e do receber, do nutrir-se e agradecer, numa constante troca com estes Espíritos, que atuam com os indivíduos num plano sutil, para que os mesmo possam mover-se e assim atuar em sintonia e equilíbrio nos três mundos: mágico, místico e centro. Ou ainda, para esclarecer: Ukupacha, Hanan Pacha e Kaypacha.
Amanhã vou postar especificamente sobre a OFERENDA À PACHAMAMA, detalhando a beleza deste ritual de magia e encantamento, que tive a honra de presenciar quando estive no Peru, ano passado.
Não poderia terminar esta publicação sem colocar o que o povo andino Q”ueros nos pregam; segundo eles as portas entre os mundos estão novamente se abrindo, dando ao homem um momento ímpar para a exploração de todo o seu potencial, e recobrar a natureza luminosa do ser humano, sendo possível a todo aquele que se atrever a dar esse salto quântico em sua vida. Nessa busca o indivíduo pode não alcançar exatamente o que procura, mas vai receber na medida exata do que necessita.