Hoje vamos finalizar nossa postagem sobre as histórias que viraram LENDAS FOLCLÓRICAS nesse nosso País tão vasto e de tantos contrastes, escolhendo mais uma que tem muito mais do que mito.
BOTO
O BOTO é um animal mamífero, parecido com um Golfinho, mas que vive nas águas doces dos rios, e especificamente o BOTO-COR-DE-ROSA, que deu origem à LENDA DO BOTO, vive nas águas da Bacia Amazônica Brasileira e da Bacia do Orinoco, na Venezuela. Esses mamíferos podem medir até quase 3 metros de cumprimento quando adultos e sua coloração pode ser rosa acinzentada ou preta.
Conta a LENDA DO BOTO, que ao cair da noite, geralmente nas noites enluaradas de Junho, o BOTO se transforma em um belo e jovem homem, alto, forte e sedutor, que sai das águas dos rios procurando diversão, música, festas juninas e a companhia de uma jovem mulher para namorar.
O BOTO, já na pele de um jovem e belo rapaz procura várias festas durante a noite, dança e bebe bastante enquanto seduz alguma jovem que lhe aceite por parceiro. Mas tem que voltar antes do amanhecer para as águas dos rios, sob pena de transformar-se no BOTO na presença dos humanos.
Mas ocorre que no Norte do Brasil, onde suas aparições são constantes, pessoas relatam já terem encontrado esse encantador rapaz, sempre muito elegante e bem vestido, mas usando sempre um chapéu branco, pois precisa esconder um orifício que tem na cabeça, como o BOTO.
Durante as festas o BOTO geralmente seduz uma mulher bonita, quer seja casada ou solteira, convidando-a primeiramente para dançar, e depois saem da festa para namorar. Antes do amanhecer ele retorna ao rio para transformar-se, e deixa a namorada que nunca mais torna a vê-lo. É tão real a história do BOTO, que quando aparece um jovem de chapéu branco nas festas juninas, as pessoas pedem para que o tire, e assim se certificam de que não seja o peixe-homem da LENDA.
Na região Amazônica, é crendice popular que sempre quando uma jovem engravida sem apontar o pai, suspeitam que seja um filho do BOTO. Mas muitas jovens afirmam que seus filhos foram gerados em noite de lua, após namorar um jovem lindo durante uma festa junina, que as abandonaram antes do sol nascer, à beira dos rios.
Dizem que o BOTO tem uma grande paixão pelas Índias e as busca nas noites de lua, preferencialmente quando as encontra vestidas de vermelho, que é a sua cor favorita.
No Pará, norte do Brasil, as aparições do BOTO são muito relatadas, e existe maior contingente desses mamíferos nos rios que banham este estado. Os BOTOS costumam salvar as mulheres que estão se afogando, muito mais que aos homens, e ninguém consegue explicar essa diferença.
Vários relatos são trazidos, mas alguns chamam mais a atenção porque existem testemunhas, familiares, e passo a transcrever para os amigos da TRILOGIA INCA, dois que mais me impressionaram.
1.- Uma moça começou a sair todas as noites de sua casa só voltando ao amanhecer, toda molhada e dizendo que estava se encontrando com o BOTO, que a levava para o fundo do rio. Foi proibida pelos seus familiares de sair de casa e começou a ficar enlouquecida por não poder se encontrar com o estranho namorado que a seduzia no fundo do rio. Foi preciso um Curandeiro muito famoso na região, fazer um sério tratamento de desobseção com a jovem mulher, para que ela voltasse ao normal, e os familiares tiveram que se revezar na vigia da casa, pois toda a noite passos e um vulto de homem percorria as redondezas, assoviando. Ela foi levada embora para outra cidade, bem longe do rio, para poder ficar imune ao feitiço e à sedução do BOTO.
2.- Outro relato que me impressionou foi o de uma bela moça que encontrada morta boiando nas águas do rio, foi resgatada pelos moradores da região, não antes deles travarem várias lutas com um BOTO que não queria deixar que a retirassem da água. Essa atitude é incomum com esses mamíferos, que são socorristas dos humanos por natureza. Depois de muita luta, levaram o corpo da jovem e bela mulher de barco para ser enterrada, e foram acompanhados sempre pelo mesmo BOTO, embora tentassem de todas as maneiras o enxotar de perto da embarcação. Depois o enterro, já anoitecendo, várias pessoas viram um vulto desconhecido nos arredores do cemitério, assoviando.
Bem amigos da TRILOGIA INCA, essas LENDAS FOLCLÓRICAS, são muito mais do que histórias populares na vida de muitos, que as cultivam e de alguma forma as experienciam.